sábado, 12 de novembro de 2011

Convivência pacífica


Por - Gilberto L Tomasi       
    O egoísmo, o orgulho e seus derivados criam e consolidam incontáveis barreiras que dificultam o aprimoramento das relações humanas. Algumas, mais comuns; outras, mais raras. Todas, no entanto, complexas e difíceis de serem superadas.
   Todos nós, diariamente nos deparamos com algumas situações que requer um certo esforço, bastante jogo de cintura para que o problema seja resolvido, ou no mínimo, contornado. Existe um universo de relações que acontecem na vida do homem, obrigando-o a aturá-las compulsoriamente. Ninguém se livra do laço de sangue ou de alguma outra situação  especialmente colocada em seu caminho para toda uma vida. Difícil se torna a reforma íntima  nesse setor amargo do coração.
   O importante é cada um ter noção de que nada acontece por acaso e para tudo há uma explicação e uma forte razão de ser. Portanto, aceitar tal propósito do destas situações é o primeiro passo para superar divergências aparentemente instransponíveis.
   Vitorioso é aquele que consegue acatar o desígnio divino que o colocou ao lado de determinada pessoa  ou situação que julga insuportável. Aliás, a mesma sensação pode ter ela a seu respeito. Por que não se livrar de um desgastante processo de mútua vibração negativa?
   Quem dará o primeiro passo? É outro obstáculo a ser superado no caminho dos que praticam a renovação do seu âmago. Torna-se conveniente, se não consegue dar o primeiro passo rumo à conciliação, o indivíduo não fechar a porta ao outro que, com dificuldade, quer dar início à recomposição dos laços afetivos entre ambos.
   Se não se sente com capacidade ou força de vontade suficiente para dar o primeiro empurrão em direção à indulgência, por que impedir que o semelhante o faça? Não é mais fácil deixar que ele tome a iniciativa?  Se é, por que não aceitar o seu gesto com bom senso e parcimônia? Outra indagação pode surgir nesse contexto: e se ambos não quiserem dar o primeiro passo conciliador? É sinal de que ainda não compreenderam, de fato, a importância de acatarem os sábios caminhos traçados pela lei de ação e reação. Assim correndo, ao menos dêem ao tempo o benefício da dúvida e deixem-no agir. Nada melhor do que o passar dos dias e mesmo dos anos, sem vibrações negativas, em posicionamento neutro, para curar as feridas e remediar os males do coração.
   Barreira das mais árduas a transpor é a da hostilidade. Inimigos, adversários (ou quaisquer outros posicionamentos não cristãos) que cultivam esse sintoma, deixando-o proliferar, estão espiritualmente mais enfermos do que se julgam. Afastar-se da agressividade somente traz benefícios ao ser humano, pois deixa de fazer suar frio o desafeto que vê o rival; impede a taquicardia nos encontros de qualquer espécie; faz cessar o mau humor que invade o interior do antagonista somente ao pensar que vai avistar-se com o opositor, enfim, garante-lhe a saúde física e mental. Abandonar o lado hostil que o cerca é vantagem ao próprio encarnado.
   Conviver com o inimigo é imperativo. Não se rompe com os sentimentos negativos caso não haja o exercício das disposições afetivas positivas. Portanto, no campo da reforma íntima, não é o mero afastamento que trará a tão almejada paz àqueles que se odeiam. É condição necessária o convívio, mesmo que, inicialmente, difícil. O passar do tempo, com ânimo regenerador, fará com que do ódio passe o homem à indiferença e desta ao amor.
   Pensar que essa renovação interior é impossível de alcançar é outra barreira que o indivíduo enfrenta na reforma do seu comportamento. Nada é irrealizável nesse campo, em qualquer dos planos da vida.  Aliás, nenhum fardo é por Deus permitido a quem não possa carregá-lo.
   O Ser humano é, de regra, um censor muito severo. Exige uma postura claramente amistosa (sua ou do outro) em variadas relações, pois, do contrário, julga-se incapaz de conquistar alguém ou ser por essa pessoa conquistado. Calma e perseverança são elementos inafastáveis a quem pretenda superar as próprias dificuldades -  e compreender as dos outros.
   Sentir-se o homem um aprendiz na senda da reforma íntima facilita  -  e muito  -  o seu trabalho. Disposição para conhecer o que não sabe e vivenciar novas experiências são indispensáveis ao construtor de uma nova personalidade.

Compilado do Livro Fundamentos da Reforma íntima. (Abel Glaser  -  Caibar Schutel, espírito)

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