quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A necessidade das comemorações festivas


Por - Gilberto L Tomasi

 Deus em sua grandiosidade dotou o homem de inteligência suficiente para que ele pudesse encontrar uma fórmula de fazer a transposição de datas, ou seja, contar o tempo. Logo, o ano foi definido pelo tempo gasto pela terra numa translação em torno do sol. Assim, após o término dessa translação, podemos afirmar que alguém, ou algo, completou mais um ano, portanto, está fazendo aniversário.
 Em se tratando de pessoas, é comum, e diga-se, agradável, comemorar-se esta data. Recebem-se felicitações, presentes, organizam-se festas, reúnem-se os parentes, amigos, como se aquele dia fosse o mais importante da nossa existência, pelo simples fato de termos recebido a “graça” divina de estarmos vivos por mais esse período, ou por estarmos comemorando algo que nos agrada.
 É muito gratificante essa comemoração, haja vista que isso de certa forma aproxima as pessoas e, também pelo fato de sabermos que às vezes são as pequenas coisas que fazem a diferença. Sem esquecer que essas situações festivas fazem parte das necessidades do espírito no mundo em que vivemos, portanto, é algo perfeitamente normal e ainda necessário.
 As comemorações terrenas do tempo de vida por exemplo, começam logo que o óvulo é fecundado no organismo materno, quando então inicia-se a reencarnação do espírito. Primeiramente comemora-se e festeja-se a gravidez.
 E o futuro corpo humano, com seu tempo de vida já delineado, vai formando-se átomo por átomo, molécula por molécula, e o espírito vai ligando-se também a esses átomos e moléculas, até o dia em que completa a reencarnação com o nascimento. A partir daí começa-se a comemorar as datas do tempo terreno, como o reencarne e algumas datas consideradas como dogmas de algumas filosofias religiosas, o que não é o caso da doutrina espírita, como o batizado, a crisma, a primeira comunhão, o casamento etc.
 O espiritismo não questiona nem condena tais acontecimentos, pois entende que é o livre-arbítrio de cada um, que nada mais é do que o comando de vida que Deus nos concedeu que decide o que deve ou não ser feito ou comemorado. O que se questiona, no entanto, é a comemoração pela existência apenas uma vez ao ano ou pelas datas oportunas, quando sabemos que o espírito não faz aniversário e, que outras datas são apenas convenções humanas, até porque não sabemos quando fomos criados e que temos a eternidade pela frente.
 Deveríamos também, juntamente com a comemoração da passagem do tempo do corpo físico, que é anual, agradecer ao alto e à espiritualidade maior todos os dias, pelas oportunidades de mudanças de hábitos e conceitos que nos são oferecidas diariamente, tão necessárias à nossa reforma íntima.
 Devemos, sim, comemorar a nossa encarnação, agradecendo pela oportunidade da volta, quando temos condições de reavaliar nossa conduta, reparando erros passados. Comemoremos todos os dias nossa infância, nossa adolescência, nossa idade madura e principalmente nossa velhice, que é mais difícil de ser administrada, não só por problemas de ordem social ou de saúde, mas também por causa do desgaste próprio das coisas materiais, nosso envoltório físico.
 Devemos comemorar cada uma dessas fases, entendendo que elas têm um papel fundamental nesse processo de idade cronológica do corpo físico, e principalmente na evolução do espírito. Na infância o espírito se apresenta na fase infantil, revestido da pureza e da inocência, esqueceu o que praticou no passado e está em condições de ser novamente moldado.
 A adolescência é o período em que o espírito reencarnado começa a dar os primeiros passos sozinho e, mesmo sob vigilância e guarda dos pais já goza de um pouco de liberdade.  Na idade madura, o espírito se revela tal qual ele é, com as modificações que lhe foram impostas pela educação, pela instrução, pelo meio em que se reencarnou e pelo aprendizado recebido na infância e na adolescência, goza de inteira liberdade e é plenamente responsável por seus atos.  A velhice é a fase mais gloriosa da vida. Ao relembrar o passado distante, vemos que vão longe os trabalhos e as canseiras e estamos próximos do dia da alforria. Sem esquecer que o espírito não envelhece, torna-se experiente.
 Talvez, o mais correto seria vivenciarmos intensamente todos os nossos dias, como se eles fossem o primeiro ou o último dia das nossas vidas. O primeiro, por não sabermos como e quando seriam os demais. O último, por já termos vivido toda uma vida, e experimentarmos novamente de uma vez só os melhores momentos. Portanto, comemorar as conquistas e vitórias diárias obtidas pelo espírito nesta encarnação, mesmo que pequenas, talvez nos dê a certeza que elas são tão ou mais importantes que a comemoração anual do aniversário do corpo físico ou das situações por nós vivenciadas em qualquer circunstância.

FONTE:
Texto elaborado, tendo por base tópicos do livro Espiritismo Aplicado (Elizeu Rigonati)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A felicidade não é deste mundo

Por – Joilson José Gonçalves Mendes

“A felicidade não é deste mundo”. Ao lermos esta frase que consta da mensagem de François-Nicolas-Madeleine, cardeal Morlot (Paris 1863), do Cap V, item 20, de o Evangelho segundo o Espiritismo, nossa memória nos remete a este outro ensinamento deixado por Jesus: "No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16.33). Mas como entender estes ensinamentos à luz da Doutrina Espírita? O que podemos fazer para termos uma vida menos sofrida? É possível sermos felizes?
Sempre ouvimos, ou até mesmo já pronunciamos a frase de que a Doutrina Espírita é a doutrina esclarecedora e consoladora dos espíritos. Contudo, poucas pessoas parecem assimilar este adágio popular. A Doutrina Espírita, por intermédio dos diversos livros publicados, mais especificamente nas obras básicas de Allan Kardec, trás uma gama de informação sobre as Leis Universais, sobre a evolução do ser humano, do planeta etc.
Muitas são as pessoas que se dedicam ao estudo destas obras, se aprofundam buscando sempre mais informação do mundo espiritual. Conhecem detalhadamente o Livros dos Espíritos e o Evangelho Segundo o Espiritismo que são, em minha opinião, as obras mais consultadas e estudadas, porém, a impressão que muitos destes “estudiosos” nos passam é de que o aprendizado fica apenas no campo mental/intelectual, pouquíssimas são as pessoas que trazem estes conhecimentos para o seu dia-a-dia, para a vida prática e quando as tribulações da existência os alcançam, desmoronam feito castelos de areia.
Sabemos que vivemos em um planeta de provas e expiações, e o que significa isso? Significa que saímos de um mundo primitivo e conquistamos o direito de viver em um mundo melhor. Todavia, temos que ter em mente que, um planeta de provas e expiações é apenas o segundo em uma escala evolutiva de cinco categorias, segundo ensina Allan Kardec.
Neste tipo de planeta o mal ainda prevalece sobre o bem, é uma verdadeira escola onde temos que aprender a lapidar a pedra bruta que ainda somos. E por isso é perfeitamente natural vermos tanto sofrimento, tanta miséria material e principalmente a miséria moral. "No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16.33).
Entretanto, não podemos pensar que estamos abandonados à nossa própria sorte. Em sua misericórdia divina, Deus, nos envia constantemente, seres iluminados para auxiliar em nosso progresso. À medida que vamos melhorando, cada vez mais informações chegam do plano espiritual e foi assim que a Doutrina Espírita chegou até nós, devido ao avanço que fizemos. Mas como ainda estamos arraigados nos velhos ensinamentos, fica difícil para algumas pessoas compreenderem as lições trazidas pelos espíritos.
Sabemos que a Terra está em processo de transformação para um mundo de regeneração. Nesta escala evolutiva o bem prevalece sobre o mal e para que tenhamos condições de habitar a Terra regenerada temos que fazer por merecê-la.   "Bem- Aventurados os Mansos, (Brandos) porque eles possuirão a Terra." (Mateus, 5:5).
Ao compreendermos a lei de causa e efeito, por exemplo, devemos passar a agir em consonância com esta lei, que é universal. Sabendo que hoje somos fruto do ontem, é importantíssimo que comecemos a trabalhar para que, no futuro, venhamos a ser merecedores de uma existência menos sofrida.
A lei de causa e efeito ou ação e reação nos ensina que se hoje passamos por momentos difíceis é porque prejudicamos outras pessoas em uma vida pregressa, as fizemos sofrer, roubamos matamos, etc, transgredimos a lei maior e agora chegou o momento do resgate. Não necessariamente estejamos resgatando os débitos da última vida, mas talvez de umas cinco ou seis existências antes dessa.
O importante é compreendermos quais as razões do sofrimento, mesmo que seja de maneira genérica; se sofro é por que causei sofrimento e procurarmos melhorar, exercitando o perdão, a tolerância e a humildade; lutando quando for necessário ou nos resignando diante da vontade Divina, mas sempre com fé, perseverança e confiança de que nada acontece por acaso e, termos sempre em mente, que somos os construtores do nosso destino.
Para que possamos compreender em sua profundidade e pureza dos ensinamentos trazidos é inadiável que nos empenhemos em um trabalho de autoconhecimento, não foi sem razão que Sócrates, muito antes de Jesus, já concitava seus discípulos a este trabalho interior que em poucas palavras consiste em andarmos pelos caminhos retos.
Para respondermos a última questão proposta, sim, é possível sermos felizes mesmo em um planeta de provas e expiações, obviamente teremos uma felicidade relativa, pois que: Como ser plenamente feliz, se ao olharmos para o lado sempre vemos pessoas necessitadas?
Assim, a relatividade de nossa felicidade é diretamente proporcional à medida que façamos o outro feliz, este é o segredo que Francisco de Assis a mais de 700 anos anunciou em sua belíssima oração:
“É dando que se recebe”
“É perdoando que se é perdoado”

Paz e Luz a todos os corações aflitos.....

sábado, 8 de outubro de 2011

Espiritismo e Maçonaria


Por - Gilberto L Tomasi
  Divaldo Pereira Franco, médium e orador espírita, em brilhante palestra, feita na Loja Maçônica Caldas Junior de Porto Alegre, a convite da Grande Loja Maçônica do Rio Grande do Sul no dia 09 de Novembro de 2006, com a presença dos Grão-Mestres da Grande Loja do Rio Grande do Sul, Grande Oriente do Rio Grande do Sul e da Maçonaria Unida do Rio Grande do Sul, faz uma profunda análise sobre os ideais da Maçonaria com ênfase às suas origens remotas na Babilônia, na Mesopotâmia, com seus rituais de iniciação realizados ao ar livre, nas margens do mar morto.
  Apresenta o famoso discurso de Voltaire na sociedade em que recebeu o grau 33 da ordem maçônica, com seu eloqüente testemunho do amor a Deus. Define as palavras maçom e maçonaria, apresentando vultos eminentes que se fizeram adeptos dessa Ordem em todas as épocas da história, principalmente no período das lutas pela independência do Brasil.
  Faz um paralelo com a Doutrina Espírita, salientando os pontos em comum de ambas as filosofias e traçando seus iluminados objetivos que anelam prezam pela dignificação humana. Divaldo reporta-se a alguns pontos básicos da maçonaria como a crença em Deus, a imortalidade da alma e, no seu cerne de solidariedade, o amor, a caridade, tal qual a Doutrina Espírita, que vem abrindo campo imenso à investigação nas questões do espírito, que sendo esta uma ciência de pesquisa, busca igualmente decifrar o enigma do existir. “caminhando ao lado da maçonaria, porquanto apóia os seus postulados e entende, na sua simbologia, o milagre dos acontecimentos disfarçados de mistérios, desde os tempos da idade média, preparando o ser humano para os grandes vôos do infinito”, como assim se referiu. Em uma bela citação, Divaldo destacou dois grandes espíritas maçons, Camille Flammarion e Leon Dennis, este, maçom emérito, grau 33, que afirmava ser a maçonaria um dos belos caminhos para a dignificação da criatura humana e o seu encontro com a plenitude Divina.
  Reina até hoje no movimento espírita uma séria dúvida em saber se Allan Kardec, codificador da Doutrina, teria ou não sido maçom, muito embora use em suas obras termos maçons, como “arquiteto” para se referenciar a Deus, pedra angular, prumo, etc. Não que isto tenha importância para esta ou aquela filosofia, mas permitiria conhecer melhor a opinião de Kardec sobre a instituição maçônica. André Morel, conceituado biógrafo de Kardec, parece inclinado a responder de forma positiva, dizendo que não sabe em que Loja ele foi iniciado. Kardec, foi discípulo de Mesmer que era Maçom, e Leon Dennis, seu discípulo, também era.
  Deixando de lado essa polêmica, a verdade é que o Espiritismo e a Maçonaria tem inegáveis pontos em comum, e juntos poderão acelerar o progresso da Humanidade e o estabelecimento da justiça social, sobretudo através da perfeição moral dos espíritas e maçons.
   A Maçonaria tem por fim a melhoria moral e material do homem, por princípios, a lei do progresso da humanidade, as idéias filosóficas de tolerância, fraternidade, igualdade e liberdade, abstração feita da fé religiosa ou política, das nacionalidades e das diferenças sociais.
   O espiritismo moral e social iria dizer justamente a mesma coisa. Os princípios filosóficos são absolutamente idênticos:  a)Existência de Deus, b)Imortalidade da alma, c)Solidariedade humana.
   Em sessão da Sociedade Espírita de Paris do dia 25 de fevereiro de 1864, várias dissertações foram obtidas sobre o concurso que o Espiritismo poderia encontrar na Francomaçonaria, que depois foram publicadas na Revista Espírita de abril de 1864. Comunicaram-se naquela oportunidade os Espíritos Guttemberg (Médium: Sr Leymare), Jacques de Molé (Médium: Srta.Bréguet) e o francomaçom Vaucanson (Médium: Sr.D’Ambel.).
   Nestas comunicações, usando o método de perguntas e respostas, os espíritos comentam sobre a importância da Maçonaria, a afinidade existente em Maçonaria e o Espiritismo, o conhecimento dos Maçons sobre a Doutrina Espírita, a aceitação das idéias Espíritas. Vejamos um trecho: (...) Os homens inteligentes da Maçonaria vos bendirão por sua vez; pois a moral dos Espíritos dará um corpo a esta seita tão comprometida, tão temida, mas que tem feito mais do que se pensa. Tudo tem um parto laborioso, uma afinidade misteriosa; e se isto existe para o que perturba as camadas sociais, é muito mais verdadeiro para o que conduz o progresso moral dos povos. Ainda alguns dias, e o Espiritismo terá transposto o muro que separa a maioria das paredes do templo dos segredos, nesse dia, a sociedade verá florescer no seu seio a mais bela flor espírita que, deixando suas pétalas caírem, dará uma semente regeneradora da verdadeira liberdade . Agora, glória ao Grande Arquiteto do Universo.

Fontes:
Palestra de Divaldo em 1994 na cidade de Americana (SP) pela Loja Maçônica Sublime Universo 125: http://youtu.be/1P6dpb6zD3g
Revista Espírita – edição 04/1864
Leon Dennis e a maçonaria – Eduardo Carvalho Monteiro