sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Ser ou não ser espírita

Por - Gilberto L Tomasi
Sempre que nossa consciência nos cobra sobre determinadas situações em que agimos de forma grosseira, estúpida ou quando perdemos a paciência, a coerência, a responsabilidade e a serenidade, agindo de forma contrária aos bons usos e costumes costumamos justificar essas atitudes com a máxima: Sou espírita, mas não sou “santo”.
Num primeiro momento, a assertiva não deixa de ser verdadeira, afinal, diante do nosso entendimento, poderiam ser enquadrados como “santos”, aqueles espíritos mais evoluídos, que certamente não agiriam de forma a se arrepender ou a querer justificar o erro.
No entanto, quase sempre, essa justificativa tem a conotação um tanto viciosa de querer argumentar que pelo fato de não termos atingindo um mínimo de evolução temos o direito de nos deixar levar pelos nossos hábitos e costumes ainda presos a erros e vícios de vidas pretéritas.
O que dizer então das palavras de Kardec, quando afirma que: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, pelos esforços que faz em domar suas más tendências”? Alguns dirão que muito embora estejam freqüentando ou estudando a doutrina espírita à décadas, ainda não se consideram espíritas, ou ainda, que, apesar de tantos anos de estudo, o espírito  não atingiu um ponto tal de evolução  que os permita a vivenciar a afirmativa de Kardec, ou seja, a prática do esforço e força de vontade conforme nos esclarece Joana de Angelis.
Agindo dessa forma, com certa falsa modéstia, querendo sempre justificar-se de seus deslizes diante deste ou daquele, atribuindo ao ditado popular de que: “na prática a teoria é outra“ estão apenas se acovardando diante de uma situação que poderia ser evitada se estivessem realmente imbuídos no propósito de mudar, de rever alguns conceitos e outros tantos valores perdidos ou esquecidos.
Ainda é comum alguns espíritas justificarem suas atitudes, principalmente os erros, na expressão: “prova e expiação”. Esquecem no entanto, que nem sempre os erros cometidos ou a falta de vontade e determinação para fazer a reforma íntima estão diretamente ligados à situações vivenciadas anteriormente. Pelo contrário, a maioria de nossos vícios e erros são adquiridos aqui, quer seja pela nossa fraqueza, irresponsabilidade ou indiferença diante dos fatos. Nos parece, ser muito cômodo não assumirmos uma posição  verdadeira, responsável e objetiva no sentido de procuramos lapidar as asperezas que ainda mancham nosso perispirito.
Ser espírita é aceitar os princípios básicos da Doutrina, não exitando em responder quando perguntado, sim, sou espírita, e não incorrer no chavão, “estou tentando”, como justificativa de ser um espírita imperfeito, que se encontra estacionado no caminho ou se distanciou dos seus objetivos, pois recua frente a obrigação de se reformar, ou porque prefere a companhia dos que participam de suas fraquezas.
Segundo Kardec, o bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, conduz, forçosamente à prática da lei de justiça, de amor e caridade, na sua maior pureza, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o verdadeiro cristão, pois um e outro são a mesma coisa. O espiritismo não cria uma nova moral, mas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo, ao dar uma fé sólida e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.
O verdadeiro espírita não se julga perfeito, até porque se o fosse não estaria reencarnado aqui na Terra, local de prova e expiação, mas aquele que agradece e aproveita todas as oportunidades que a vida lhe oferece, vivendo de forma simples, humilde, vislumbrando no próximo a oportunidade de crescimento, de evolução e reforma íntima. Não se julga superior e nem tampouco se deixa levar por ganhos materiais, escolhendo uns poucos em detrimento da maioria.
Chico Xavier já dizia que ser espírita é viver para o “povo”, para aqueles que mais necessitam, sem se deixar elitizar de forma a não ver e observar que todos somos iguais perante ao Pai.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário